Resumo
Fenômenos variáveis em português: diferentes modelos, padrões e cores
Weinreich, Labov e Herzog (1968) lançaram as bases para o estudo da mudança linguística, por meio de um modelo teórico que assumia o caráter sistemático da variação e, consequentemente, o sistema linguístico como inerentemente variável. O modelo de gramática disponível à época e assumido pelos autores era um modelo formal, o qual passava a incorporar regras variáveis para que a variação fosse acomodada. Assim, as formas variáveis passaram a ser entendidas como o resultado de um processo pelo qual se aplicava uma determinada regra variável a uma forma subjacente. Entretanto, nas últimas décadas, diferentes propostas para a modelagem do conhecimento linguístico têm sido elaboradas e muito se tem debatido sobre a compatibilidade entre a Teoria da Variação e Mudança e outros modelos teóricos das mais diferentes orientações. Importante ressaltar que WLH já admitiam que o estudo da mudança poderia avançar conforme avançasse também a linguística teórica, a qual poderia trazer novos elementos para um melhor entendimento do sistema linguístico.
Conjugar os pressupostos dos estudos variacionistas e diferentes modelagens para o conhecimento linguístico nem sempre é tarefa pacífica. Uma reflexão obrigatória das pesquisas que assumem novos modelos teóricos para os estudos variacionistas repousa, justamente, nas possibilidades e limites que cada aporte teórico pode oferecer para auxiliar na interpretação dos mais diversos fenômenos da linguagem. Longe de ser uma tarefa simples, a construção de pesquisas em interface demanda uma análise crítica sobre o que cada uma das teorias pode fornecer – e precisa abdicar – na construção de modelos de análise.
Na seção proposta vamos acolher investigações que aliam a Teoria da Variação e Mudança a outros modelos teóricos, de orientações diversas e em diferentes níveis de análise linguística. Nosso objetivo é oferecer à comunidade científica um painel de investigações que, para além de descreverem fenômenos em variedades do Português, ofereçam subsídios para uma reflexão sobre avanços/entraves na conjugação entre teorias linguísticas.
Assim sendo, esta seção tem por interesse debater:
(i) diferentes modelos de gramática que buscam acomodar a variação e, assim, oferecer uma melhor compreensão acerca da natureza do conhecimento linguístico do falante;
(ii) a relação entre fenômenos variáveis e ensino do português como língua materna (L1) e segunda língua (L2);
(iii) os recentes trabalhos sobre a avaliação subjetiva – um dos cinco problemas propostos no texto seminal de 1968 – e metodologias experimentais.
Queremos convidar tanto investigadores de renome como jovens investigadores a submeterem propostas com no máximo uma página (incluindo dados bibliográficos) até dia 30 de abril de 2025. As propostas para esta subseção devem ser enviadas aos coordenadores desta subseção: Marcelo Alexandre Silva Lopes de Melo (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e Danielle Kely Gomes (Universidade Federal do Rio de Janeiro). E-mails: malmelo.lopes@letras.ufrj.br; daniellekgomes@letras.ufrj.br