Romanistik
print


Navigationspfad


Inhaltsbereich

Resumo

Linguística para o ensino de português no mundo

As variedades da língua portuguesa, tanto nos países lusófonos como fora deles, refletem a intrincada rede de normas de instanciação que resultam de fenômenos de estabilização, diversidade e mudança linguísticas pelos quais passam as comunidades de fala. Entretanto, é raro que, ao se ensinar a língua, essa rede seja perspectivada, em alguma medida, na sua totalidade. Além disso, tradicionalmente, o ensino-aprendizagem do português tem sido centrado em uma abordagem geralmente bicêntrica (ou variedade de Portugal ou do Brasil, sem levar em conta as variedades moçambicana e angolana, por exemplo) e/ou em uma abordagem com foco em (relativa) homogeneidade (na qual prevalece a descrição das variedades brasileira e portuguesa fundada em supergeneralizações, geradas a partir de ênfase em espaços de poder sociocultural (como por exemplo, o português continental de Portugal; português do eixo Rio de Janeiro-São Paulo/região sudeste). No entanto, é necessário ampliar essa perspectiva para incluir a diversidade real da língua em uso, considerando o português como uma língua pluricêntrica, em contato com outras línguas, e com múltiplos sistemas e subsistemas que refletem as variações regionais e contextuais, em um mundo digitalizado e conectado.

Nesta seção, pretende-se tratar de descrições empíricas de fenômenos linguísticos – incluindo aspectos fonético-fonológicos, lexicais, morfossintáticos e textuais-discursivos – que permitem ter uma medida da complexidade referida e, então, contribuir para reorientar conceptualizações que geralmente norteiam o tratamento de temas linguísticos no ensino de português no mundo, levando em conta seu pluricentrismo e sua variação linguística. Nosso foco está em como essas variações se manifestam tanto nos países onde o português é língua oficial quanto em comunidades de diáspora e ambientes globais de uso da língua. Dessa forma, temas como a descrição de fenômenos linguísticos ocorrentes em contextos específicos de uso, o impacto das tecnologias digitais e a necessidade de incluir essas variações no ensino do português como língua materna e não-materna serão abordados. Pretendemos, assim, contribuir para um debate que possibilite uma visão mais inclusiva e precisa da língua portuguesa, com base em suas variações empíricas e em seu uso real nos diversos espaços onde é falada, escrita, aprendida e ensinada.

A justificativa para abordar sob um viés linguístico as variedades da língua portuguesa no ensino-aprendizagem está na necessidade de valorizar e enxergar a sua diversidade e seu uso para ir ao encontro dos referenciais curriculares de ensino, tanto nos países em que o português é língua oficial quanto na Europa e no mundo como um todo.

Além disso, o ensino tradicionalmente focado em uma abordagem bicêntrica e homogeneizante não reflete a complexidade real da língua em uso, especialmente em um mundo digitalizado e multicultural. Assim, ao tratar empiricamente dos fenômenos linguísticos, é possível promover uma compreensão mais inclusiva e precisa do português, considerando seu aspecto pluricêntrico e suas variações regionais e contextuais, o que contribui para práticas pedagógicas mais adequadas e alinhadas com essa realidade. Então, uma seção que aborda essa temática dá-nos a possibilidade de dialogar sobre temas tão relevantes e mostrar fenômenos linguísticos interconectados cujas inclinações variantes se delineiam segundo diferentes espaços de uso, processamento, ensino e aprendizagem do português.

 

Prazo para envio de propostas: 30 de abril de 2025

As propostas devem ser enviadas para os e-mails de:

Rosane Werkhausen (Technische Universität München – TUM) rosane.werkhausen@tum.de

Marcia dos Santos Machado Vieira (Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ) marcia@letras.ufrj.br


Servicebereich