Resumo
Variação no português brasileiro: produção, avaliação linguística e percepção
A variação no português brasileiro (PB) é bastante explorada, de maneira geral, pelos pesquisadores no Brasil. Levar esse tema para fora do país é desafiador e, ao mesmo tempo, muito promissor, uma vez que a variação é inerente a qualquer língua do mundo e pode mostrar a riqueza e diversidade linguística e cultural do mundo lusófono. Para esta seção, poderão ser submetidos trabalhos em variação no PB nos diferentes níveis (fonético-fonológico, morfológico e sintático) e em diferentes perspectivas teórico-analíticas, articulando-se ou não, no mesmo estudo, análises de produção, avaliação linguística e percepção.
No que se refere à produção linguística, são bem-vindos trabalhos na linha sociolinguística laboviana ou em outras vertentes de investigação que, de um lado, analisem os padrões de realização das formas variáveis em diferentes variedades de PB e, de outro, esclareçam o estatuto dos processos de variação nos grupos investigados, se variação estável ou varição na mudança em progresso (Labov 1972, 1994, 2001, 2010), bem como as forças sociais e linguísticas que dirigem os processos.
As questões de avaliação linguística dizem respeito, principalmente, à atitude. Segundo Sarnoff (1970, p. 279), a atitude é uma disposição para reagir favoravelmente ou desfavoravelmente a uma classe de objetos, uma orientação avaliativa para um objeto social de algum tipo, quer seja uma língua, quer uma política governamental etc. Como uma ‘disposição’, uma atitude tem um grau de estabilidade que lhe permite ser identificada e mensurada (cf. Garret, Coupland e Williams 2003). Nesse sentido, interessam estudos que identifiquem e meçam atitudes em relação a variedades de PB e a suas variáveis características.
Mais recentemente, os pesquisadores têm usado métodos experimentais desenvolvidos na psicologia cognitiva para explorar a percepção da variação em tarefas de discriminação, identificação e categorização. Para Klatt (1989), compreender a variação dialetal e sua percepção contribui para melhor entendermos o próprio processo de percepção da fala humana. São bem-vindos trabalhos que mostrem como as fontes de variação em variedades de PB são percebidas e codificadas na enunciação da mensagem linguística.
Queremos convidar tanto investigadores de renome como jovens investigadores a submeterem propostas com no máximo uma página (incluindo dados bibliográficos) até dia 30 de abril de 2025.
As propostas para esta subseção devem ser enviadas aos coordenadores desta subseção: Dermeval da Hora (Universidade Federal da Paraíba/CNPq) e Elisa Battisti (Universidade Federal do Rio Grande do Sul/CNPq). e-mails: dermeval.dahora@gmail.com; battisti.elisa@gmail.com
Bibliografia (seleção)
Garret, Peter; Coupland, Nikolas; Williams, Angie. Investigating language attitudes: social meanings of dialect, ethnicity and performance. Cardiff: University of Wales Press, 2003.
Klatt, D. H. Review of sected models of speech perception. In: Marslen-Wilson, W. (ed.). Lexical representation and process. Cambridge: MA – MIT, 1989.
Labov, William. Sociolinguistic patterns. Philadelphia: University of Pennsylvania Press, 1972.
Labov, William. Principles of linguistic change: internal factors. Oxford: Wiley-Blackwell, 1994.
Labov, William. Principles of linguistic change: social factors. Oxford: Blackwell, 2001.
Labov, William. Principles of linguistic change: cognitive factors. Oxford: Blackwell, 2010.
Sarnoff, I. Social attitudes and resolution of older and younger adult speakers: the influence of communication effectiveness and noise. Psychology and Aging, 5, p. 514- 519, 1970.